O pregão desta sexta-feira (5) ficou marcado por uma volatilidade histórica na Bolsa brasileira. O Ibovespa (IBOV) saiu de um recorde intraday e mergulhou rapidamente, encerrando a sessão com a maior queda desde 2021, em meio à crescente tensão eleitoral. Ao mesmo tempo, o dólar disparou e renovou máximas recentes, refletindo o aumento da aversão ao risco entre investidores.
Ibovespa: de recorde histórico à maior queda desde 2021
Logo pela manhã, o Ibovespa chegou a superar 165 mil pontos, renovando a maior cotação intraday nominal de sua história.
Mas o movimento durou pouco: a partir do início da tarde, a pressão vendedora tomou conta do mercado, levando o índice a fechar aos 157.369,36 pontos, queda de 4,31% no dia. É a pior queda desde fevereiro de 2021, quando o índice recuou 4,87%.
Com isso, o Ibovespa:
- zerou os ganhos da semana,
- acumulou queda semanal de 1,07%,
- e voltou a operar desconectado das bolsas internacionais, que fecharam em alta moderada.
Dólar dispara com aumento da incerteza política
O dólar à vista (USBRL) encerrou o dia cotado a R$ 5,4318, alta de 2,29%. Na semana, a moeda acumulou valorização de 1,82% frente ao real.
O principal gatilho da piora no câmbio foi político: o noticiário trouxe a possibilidade de Flávio Bolsonaro concorrer à Presidência em 2026 com o apoio explícito do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente preso por tentativa de golpe de Estado.
Segundo Christian Iarussi, economista da The Hill Capital:
“O mercado não esperava esse movimento. A reação foi imediata e praticamente descolou o Brasil do resto do mundo.”
Por que o mercado reagiu tão mal ao cenário eleitoral?
Até então, Tarcísio de Freitas — governador de São Paulo — era visto pelo mercado como o nome mais competitivo da direita para 2026.
Com o possível apoio de Bolsonaro a Flávio Bolsonaro, a leitura dominante passou a ser:
- Redução das chances de Tarcísio concorrer à Presidência, favorecendo sua permanência na disputa estadual;
- Enfraquecimento de uma candidatura considerada mais moderada;
- Aumento da percepção de risco sobre governabilidade futura;
- Menor confiança em um possível programa de ajuste fiscal para 2027 em diante.
Essa combinação provocou uma onda de aversão ao risco, penalizando ações sensíveis ao cenário doméstico e ao consumo.
Quem subiu e quem caiu no Ibovespa
Ações que subiram
Apenas quatro empresas fecharam o dia no positivo:
- WEG (WEGE3)
- Suzano (SUZB3)
- Klabin (KLBN11)
Empresas expostas ao mercado externo foram beneficiadas pela forte alta do dólar. - Braskem (BRKM5)
Consolidou alta com a expectativa de avanço no processo de venda da fatia da Novonor.
Magda Chambriard, presidente da Petrobras, reforçou que as negociações envolvendo a Braskem “estão bem encaminhadas”, o que sustentou o movimento.
As maiores quedas do dia
As quedas mais fortes ficaram concentradas nas ações mais cíclicas, pressionadas pela disparada dos juros futuros, com altas de mais de 40 pontos-base nos contratos de DI.
Maiores quedas:
- Yduqs (YDUQ3)
- Cyrela (CYRE3)
- Azzas 2154 (AZZA3) – também pressionada pela venda integral da participação do fundo canadense CPPIB via block trade.
Os bancos, considerados os “pesos-pesados” do Ibov, juntos perderam mais de R$ 50 bilhões em valor de mercado.
Mercado internacional fechou em alta, mas Brasil destoou
Lá fora, o clima foi mais ameno.
Os índices de Wall Street fecharam no positivo após dados de inflação (PCE) reforçarem expectativa de corte nos juros na próxima reunião do Federal Reserve, em 10 de dezembro.
Fechamento nos EUA:
- Dow Jones: +0,22%
- S&P 500: +0,19%
- Nasdaq: +0,31%
Na Europa, o Stoxx 600 caiu levemente (-0,01%).
Na Ásia, o movimento foi misto, com Nikkei em queda de 1,05% e Hang Seng subindo 0,58%.

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