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Novas regras do FGC tornam raros os CDBs que pagavam cento e vinte por cento do CDI

Novas regras do FGC mudam o jogo: saiba por que os CDBs que pagavam 120% do CDI estão sumindo e o que isso significa para seu dinheiro.

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Impacto imediato do aperto nas regras do FGC

O mercado reagiu já no início de agosto ao anúncio do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a revisão das regras de contribuição ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Mesmo com vigência prevista para junho de 2026, a mudança afetou rapidamente as remunerações oferecidas pelos CDBs, numa combinação de ajuste regulatório e expectativa de juros mais baixos.

Ponto-chave

  • Decisão do CMN anunciada no início de agosto.
  • Novas regras do FGC entram em vigor em junho de 2026, mas tiveram efeito imediato nas ofertas de CDBs.
  • Mercado recalibrou preços e prêmios logo após o anúncio.

Como as novas regras alteraram a contribuição do FGC

A principal alteração foi na contribuição adicional: o gatilho passou de 75% para 60% dos recursos captados por produtos cobertos pelo FGC. A alíquota dessa contribuição dobrou, de 0,01% para 0,02% sobre os depósitos garantidos.

  • Antes: gatilho em 75% e contribuição adicional de 0,01%.
  • Agora: gatilho em 60% e contribuição adicional de 0,02%.

Consequência: instituições que dependem muito de depósitos cobertos terão custo de captação maior, especialmente bancos médios e pequenos.


Números do mercado de CDBs: agosto x julho

Levantamento da Quantum Finance a pedido do InfoMoney mostra ajuste nas taxas de agosto após um julho com ofertas elevadas.

  • Em julho: várias emissões entre 109% e 120% do CDI.
  • Em agosto: CDBs pós-fixados não ultrapassaram 107% do CDI.
  • Prazo 3 meses: média caiu de 100,40% para 99,92% do CDI.
  • Prazo 24 meses: média recuou de 99,61% para 99,07% do CDI.

Esses movimentos refletem expectativa de juros menores e maior custo de captação, comprimindo espaço para pagar prêmios altos.


Pressão sobre emissores menores e oferta de altos prêmios

Bancos menores tendem a sentir o impacto com mais força:

  • Menos margem para pagar taxas muito acima do mercado.
  • Ofertas de 115%–120% do CDI devem se tornar raras.
  • Emissores pequenos podem reduzir volumes ou alongar prazos com menor prêmio.

A mudança regula a capacidade de pagar altos rendimentos, alterando a dinâmica competitiva na renda fixa bancária.


Panorama das preferências do mercado: inflação e prazos

Mudança no mix de emissões em agosto, com maior procura por proteção contra inflação:

  • 356 CDBs atrelados ao IPCA.
  • 287 CDBs pós-fixados.
  • 77 prefixados.

A predominância de papéis indexados ao IPCA indica busca por retorno real e preservação do poder de compra no médio e longo prazo.


Prefixados de longo prazo: oportunidades e precauções

Prefixados longos apresentaram taxas atraentes num contexto de queda da Selic:

  • Faixa observada: 12,77% a 14,40% ao ano.
  • Média: 13,41% ao ano.

Vantagem: travar taxa por três anos se esperada queda de juros. Riscos: marcação a mercado e perda real se a redução da Selic for mais lenta ou se a inflação subir. Exigem disciplina e horizonte até o vencimento.


Alternativas ao CDB quando o rendimento fica abaixo do CDI

Quando um CDB remunera menos que o CDI, considere opções seguras e líquidas:

  • Tesouro Selic: baixo risco e alta liquidez.
  • Fundos DI sem taxa de administração: rendimento próximo ao CDI sem custos extras.

Avalie segurança, liquidez e custos antes de decidir.


Pressão de oferta e demanda no mercado bancário

Dois fatores explicam a queda das taxas:

  • Oferta: demanda por financiamento bancário está baixa — menos necessidade de captar.
  • Procura: alta demanda dos investidores por renda fixa.

Resultado: pressão para baixo nas remunerações; investidores que buscam rendimento acima do CDI devem comparar alternativas e checar emissores.


Recomendações práticas para o investidor médio

Orientações objetivas para equilibrar segurança e retorno:

  • Verificar se o CDB rende menos que o CDI; comparar com Tesouro Selic.
  • Conferir dependência do banco em produtos cobertos pelo FGC.
  • Avaliar liquidez e cláusulas de resgate.
  • Checar taxas de administração em fundos DI.
  • Para prefixados, ter plano de manter até o vencimento.
  • Diversificar entre IPCA, pós-fixados e prefixados.

Tipos de CDBs emitidos em agosto

Tipo de CDBQuantidade emitida
Atrelados ao IPCA356
Pós-fixados287
Prefixados77

Liderança clara dos papéis indexados ao IPCA.


Visão das casas de análise e gestores (síntese)

  • Nova regulação do FGC e expectativa de queda da Selic reduzem espaço para pagar taxas muito acima do mercado, penalizando instituições menores.
  • Objetivo percebido: disciplina de mercado e proteção da solidez financeira. O limite prático observado gira em torno de 120% do CDI.
  • Títulos que pagam menos que o CDI perdem atratividade frente ao Tesouro Selic e fundos DI sem taxa.
  • Baixa demanda por financiamento e alta procura por renda fixa pressionam juros para baixo.

O que muda para o investidor conservador

  • Conservador prioriza liquidez e segurança.
  • Com queda de prêmios em CDBs, Tesouro Selic fica mais atraente.
  • IPCA protege poder de compra no longo prazo.
  • Prefixados servem a quem aposta em queda consistente da Selic e aceita volatilidade de curto prazo.

Como a crise de competitividade entre bancos pode afetar o investidor

  • Bancos menores perdem vantagem de atrair com altos prêmios.
  • Bancos maiores, com fontes variadas de captação, mantêm mais flexibilidade.
  • Tendência a concentrar emissões em instituições maiores e reduzir volume de papéis de bancos pequenos, diminuindo diversidade de emissores.

Cenários possíveis para os próximos meses

Cenário 1 — Corte acelerado da Selic:

  • Juros caem rápido; prefixados já emitidos valorizam; pós-fixados perdem prêmio.

Cenário 2 — Corte lento ou pausa:

  • Ganho real em prefixados diminui; risco de perda real aumenta; instituições podem insistir em manter prêmios.

Cenário 3 — Inflação mais alta que o esperado:

  • Papéis atrelados ao IPCA ganham apelo; rendimento real de prefixados e pós-fixados é comprimido.

Cada cenário exige escolhas distintas do investidor.


Checklist de análise antes de comprar um CDB

  • Rendimento anunciado: acima ou abaixo do CDI?
  • Cobertura do FGC e dependência do banco em produtos cobertos.
  • Prazo e cláusulas de liquidez.
  • Comparação com Tesouro Selic e fundos DI sem taxa.
  • Risco do emissor: tamanho, capitalização, rating, histórico.
  • Horizonte: manter até o vencimento ou necessidade de liquidez antes?

Conclusão — o que fica claro para o mercado

  • A elevação da contribuição adicional e a redução do gatilho tornam a captação mais cara para quem depende do FGC.
  • Como consequência, altas remunerações passam a ser menos frequentes.
  • Investidores devem comparar CDBs com Tesouro Selic e fundos DI quando o rendimento estiver abaixo do CDI.
  • Preferência por títulos indexados ao IPCA sinaliza busca por proteção contra perda de poder de compra.
  • Prefixados longos oferecem prêmio, mas exigem disciplina e horizonte para mitigar marcação a mercado.

O cenário exige mais atenção: avaliar custos, alternativas e riscos é agora ainda mais importante para decidir entre CDBs, Tesouro e fundos.

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