O mercado reagiu já no início de agosto ao anúncio do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre a revisão das regras de contribuição ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Mesmo com vigência prevista para junho de 2026, a mudança afetou rapidamente as remunerações oferecidas pelos CDBs, numa combinação de ajuste regulatório e expectativa de juros mais baixos.
Ponto-chave
Decisão do CMN anunciada no início de agosto.
Novas regras do FGC entram em vigor em junho de 2026, mas tiveram efeito imediato nas ofertas de CDBs.
Mercado recalibrou preços e prêmios logo após o anúncio.
Como as novas regras alteraram a contribuição do FGC
A principal alteração foi na contribuição adicional: o gatilho passou de 75% para 60% dos recursos captados por produtos cobertos pelo FGC. A alíquota dessa contribuição dobrou, de 0,01% para 0,02% sobre os depósitos garantidos.
Antes: gatilho em 75% e contribuição adicional de 0,01%.
Agora: gatilho em 60% e contribuição adicional de 0,02%.
Consequência: instituições que dependem muito de depósitos cobertos terão custo de captação maior, especialmente bancos médios e pequenos.
Números do mercado de CDBs: agosto x julho
Levantamento da Quantum Finance a pedido do InfoMoney mostra ajuste nas taxas de agosto após um julho com ofertas elevadas.
Em julho: várias emissões entre 109% e 120% do CDI.
Em agosto: CDBs pós-fixados não ultrapassaram 107% do CDI.
Prazo 3 meses: média caiu de 100,40% para 99,92% do CDI.
Prazo 24 meses: média recuou de 99,61% para 99,07% do CDI.
Esses movimentos refletem expectativa de juros menores e maior custo de captação, comprimindo espaço para pagar prêmios altos.
Pressão sobre emissores menores e oferta de altos prêmios
Bancos menores tendem a sentir o impacto com mais força:
Menos margem para pagar taxas muito acima do mercado.
Ofertas de 115%–120% do CDI devem se tornar raras.
Emissores pequenos podem reduzir volumes ou alongar prazos com menor prêmio.
A mudança regula a capacidade de pagar altos rendimentos, alterando a dinâmica competitiva na renda fixa bancária.
Panorama das preferências do mercado: inflação e prazos
Mudança no mix de emissões em agosto, com maior procura por proteção contra inflação:
356 CDBs atrelados ao IPCA.
287 CDBs pós-fixados.
77 prefixados.
A predominância de papéis indexados ao IPCA indica busca por retorno real e preservação do poder de compra no médio e longo prazo.
Prefixados de longo prazo: oportunidades e precauções
Prefixados longos apresentaram taxas atraentes num contexto de queda da Selic:
Faixa observada: 12,77% a 14,40% ao ano.
Média: 13,41% ao ano.
Vantagem: travar taxa por três anos se esperada queda de juros. Riscos: marcação a mercado e perda real se a redução da Selic for mais lenta ou se a inflação subir. Exigem disciplina e horizonte até o vencimento.
Alternativas ao CDB quando o rendimento fica abaixo do CDI
Quando um CDB remunera menos que o CDI, considere opções seguras e líquidas:
Tesouro Selic: baixo risco e alta liquidez.
Fundos DI sem taxa de administração: rendimento próximo ao CDI sem custos extras.
Avalie segurança, liquidez e custos antes de decidir.
Pressão de oferta e demanda no mercado bancário
Dois fatores explicam a queda das taxas:
Oferta: demanda por financiamento bancário está baixa — menos necessidade de captar.
Procura: alta demanda dos investidores por renda fixa.
Resultado: pressão para baixo nas remunerações; investidores que buscam rendimento acima do CDI devem comparar alternativas e checar emissores.
Recomendações práticas para o investidor médio
Orientações objetivas para equilibrar segurança e retorno:
Verificar se o CDB rende menos que o CDI; comparar com Tesouro Selic.
Conferir dependência do banco em produtos cobertos pelo FGC.
Avaliar liquidez e cláusulas de resgate.
Checar taxas de administração em fundos DI.
Para prefixados, ter plano de manter até o vencimento.
Diversificar entre IPCA, pós-fixados e prefixados.
Tipos de CDBs emitidos em agosto
Tipo de CDB
Quantidade emitida
Atrelados ao IPCA
356
Pós-fixados
287
Prefixados
77
Liderança clara dos papéis indexados ao IPCA.
Visão das casas de análise e gestores (síntese)
Nova regulação do FGC e expectativa de queda da Selic reduzem espaço para pagar taxas muito acima do mercado, penalizando instituições menores.
Objetivo percebido: disciplina de mercado e proteção da solidez financeira. O limite prático observado gira em torno de 120% do CDI.
Títulos que pagam menos que o CDI perdem atratividade frente ao Tesouro Selic e fundos DI sem taxa.
Baixa demanda por financiamento e alta procura por renda fixa pressionam juros para baixo.
O que muda para o investidor conservador
Conservador prioriza liquidez e segurança.
Com queda de prêmios em CDBs, Tesouro Selic fica mais atraente.
IPCA protege poder de compra no longo prazo.
Prefixados servem a quem aposta em queda consistente da Selic e aceita volatilidade de curto prazo.
Como a crise de competitividade entre bancos pode afetar o investidor
Bancos menores perdem vantagem de atrair com altos prêmios.
Bancos maiores, com fontes variadas de captação, mantêm mais flexibilidade.
Tendência a concentrar emissões em instituições maiores e reduzir volume de papéis de bancos pequenos, diminuindo diversidade de emissores.
Cenários possíveis para os próximos meses
Cenário 1 — Corte acelerado da Selic:
Juros caem rápido; prefixados já emitidos valorizam; pós-fixados perdem prêmio.
Cenário 2 — Corte lento ou pausa:
Ganho real em prefixados diminui; risco de perda real aumenta; instituições podem insistir em manter prêmios.
Cenário 3 — Inflação mais alta que o esperado:
Papéis atrelados ao IPCA ganham apelo; rendimento real de prefixados e pós-fixados é comprimido.
Cada cenário exige escolhas distintas do investidor.
Checklist de análise antes de comprar um CDB
Rendimento anunciado: acima ou abaixo do CDI?
Cobertura do FGC e dependência do banco em produtos cobertos.
Prazo e cláusulas de liquidez.
Comparação com Tesouro Selic e fundos DI sem taxa.
Risco do emissor: tamanho, capitalização, rating, histórico.
Horizonte: manter até o vencimento ou necessidade de liquidez antes?
Conclusão — o que fica claro para o mercado
A elevação da contribuição adicional e a redução do gatilho tornam a captação mais cara para quem depende do FGC.
Como consequência, altas remunerações passam a ser menos frequentes.
Investidores devem comparar CDBs com Tesouro Selic e fundos DI quando o rendimento estiver abaixo do CDI.
Preferência por títulos indexados ao IPCA sinaliza busca por proteção contra perda de poder de compra.
Prefixados longos oferecem prêmio, mas exigem disciplina e horizonte para mitigar marcação a mercado.
O cenário exige mais atenção: avaliar custos, alternativas e riscos é agora ainda mais importante para decidir entre CDBs, Tesouro e fundos.
Sou André Santos, apaixonado por investimentos e fundador do Pra Quem Investe. Criei este portal para ajudar investidores, sejam eles iniciantes ou mais experientes, a entender o mundo dos investimentos de forma simples, segura e direta. Aqui, compartilho meu conhecimento e dicas valiosas para que todos possam aprender a investir com confiança e sem complicações. Bem-vindo ao nosso espaço dedicado a impulsionar seu sucesso financeiro!
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